O FUTURO NEGRO DO POP BRASILEIRO


Vivemos dias apocalípticos, no mundo do pop “independente”, após ganharmos a guerra contra o antigo mercado fonográfico, e conquistarmos nossa independência, caímos no mundo sombrio e tosco dos festivais e coletivos, uma realidade tão exclusora quanto antigamente, bandas se degladiando por vagas nos festivais, total falta de respeito com os artistas e tudo na base do: “se quiser tocar é assim”.

O discurso é sempre o mesmo: “o intuito do festival e promover a cena”, pra não ficarmos só no discurso, nós sempre abrimos nossos eventos, pois além de ser uma cortesia as bandas que se deslocam de suas cidades sem cachê, para abrilhantar nossas festas (e que no mínimo merecem um bom horário pra se apresentar), e se é pra promover a cena o melhor é visibilidade às bandas, principalmente as com pouca estrada, pois elas sim precisam ser badaladas. Mas parece que nossos vizinhos de primavera não pesam assim, fomos convidados a participar de um “festival” na cidade das flores, de cara ficamos sabendo que o “festival” seria embutido na programação de verão da prefeitura, o que tira completamente a idéia de “independente”. Acho normal parcerias com prefeituras, Estado, entre outros, mas quando o evento passa a ser parte de uma programação especial de uma secretária, no mínimo esperamos melhor estrutura para o artista, tocamos de graça e de qualquer jeito sim, mas pela “cena”, mas o poder público pode oferecer mais já que o estamos promovendo, participando de um evento assim. No dia do “festival” informaram ao Alex que abriríamos o evento, apesar de sempre termos oferecidos aos nossos vizinhos uma boa posição em nossas programações. Além da banda, administramos um “Ponto de Cultura” no nosso grupo Os Timbiras, tínhamos um milhão de coisas a serem resolvidas que estávamos adiando em virtude do tal “festival”, iríamos gastar dinheiro nos deslocando por conta própria até primavera (pela cena), para retribuirmos a participação de nossos vizinhos no Projeto “Invasão Caipira”, ao receber de Alex por telefone a notícia da nossa posição na programação, não pensei duas vezes: “Alex, manda Si fudê”.
(Por NAZO GLINS)

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